Para se entender
as possíveis mudanças no organismo humano, precisamos ter claro que o corpo
humano “rejeita” qualquer corpo estranho em nosso organismo. E na gravidez não
é diferente, pressupõe-se o crescimento de um ser geneticamente diferente no útero,
haja vista que o feto herdou metade dos genes do pai.
Segundo o Dr.
Drauzio Varella, o organismo feminino só não rejeita esse corpo porque desenvolve
mecanismos imunológicos para proteger o feto. Porém, em alguns casos, ele
libera proteínas na circulação materna, que provocam uma resposta imunológica
da gestante, que agride as paredes dos vasos sanguíneos, causando
vasoconstrição (é o processo que ocorre quando os músculos lisos das paredes
dos vasos sanguíneos se contraem) e aumento da pressão arterial.
O aumento da
pressão arterial, ou seja, a hipertensão arterial, durante a gravidez recebe o
nome de pré-eclâmpsia, e geralmente ocorre a partir da 20ª semana,
especificamente no 3º trimestre. Segundo inúmeros artigos científicos esta fase
pode evoluir para uma forma ainda mais grave da doença que é a eclampsia, a
qual põe em risco a vida da mãe e do feto. Pouco se sabe com relação às causas
desta enfermidade, o que se sabe é que estão associadas à hipertensão arterial,
que pode ser crônica ou especifica da gravidez.
Segundo
alguns especialistas, a pré-eclâmpsia seria causado por deficiências na
placenta, o órgão que nutre o bebê dentro do útero. A pré-eclâmpsia é bastante
comum, e afeta em sua forma leve até 10% das grávidas. A pré-eclâmpsia grave é
mais rara, atingindo 0,5% das gestantes.
SINTOMAS
a) Sintomas da pré-eclâmpsia (que também pode ser assintomática):
- hipertensão
arterial;
- edema
(inchaço), principalmente nos membros inferiores, que pode surgir antes da
elevação da pressão arterial;
- aumento
exagerado do peso corpóreo;
- proteinúria,
isto é, perda de proteína pela urina.
b) Sintomas característicos da eclâmpsia:
-
dor de cabeça persistente;
-
perturbações na visão, como vista embaçada ou luzes piscando;
-
dor forte na barriga, abaixo das costelas;
-
mal-estar em geral;
convulsão
;
-
sangramento vaginal;
-
e coma.
Caso tenha
algum desses sintomas, procure um médico e peça para ter sua pressão medida. A
pressão pode subir de repente. Normalmente a pré-eclâmpsia é leve e é detectada
durante o pré-natal.
DIAGNÓSTICO E FATORES DE RISCO
O diagnóstico
é estabelecido com base nos níveis elevados da pressão arterial, na história
clínica, nos sintomas da paciente e nos resultados de exames laboratoriais de
sangue e de urina.
São fatores
de risco:
1) Hipertensão arterial sistemática crônica;
2) primeira gestação;
3) diabetes;
4) lúpus;
5) obesidade;
6) histórico familiar ou pessoal das doenças supra-citadas;
7) gravidez depois dos 35 anos e antes dos 18 anos;
8) gestação gemelar.
TRATAMENTO E PREVENÇÃO
A única
maneira de controlar a pré-eclâmpsia e evitar que evolua para eclâmpsia é o
acompanhamento pré-natal criterioso e sistemático da gestação.
Pacientes com
pré-eclâmpsia leve devem fazer repouso, medir com frequência a pressão arterial
e adotar uma dieta com pouco sal.
Se sua
pressão subir muito, é possível que você seja internada e receba remédios para
controlar a pressão (que não prejudicarão o bebê).
O bebê também
será monitorado, e a qualquer sinal de que ele não está crescendo como deveria
ou que o volume de líquido amniótico esteja diminuindo, ou ainda se o seu
estado piorar, o médico vai realizar o parto, mesmo que antes da hora, por cesariana
ou indução do parto normal.
A única
"cura" para a pré-eclâmpsia é o nascimento do bebê. Mas a mãe
continua a ser observada depois que o bebê nasce, até na UTI, porque ainda há algum
risco nos dias seguintes.
Depois do
parto, a pressão arterial normalmente volta ao normal, mas pode ser que leve
semanas para isso acontecer, e o inchaço nas mãos e nos pés também pode
permanecer por algum tempo. Nas primeiras 48 horas depois do parto sua pressão
será monitorada de perto, e será preciso dar atenção à questão da pressão por
algum tempo depois que você for para casa.
QUAIS SÃO OS RISCOS?
A
pré-eclâmpsia pode ser leve ou grave. Quando se torna grave, pode afetar vários
sistemas do corpo. Como ela reduz o fluxo de sangue para a placenta, é perigosa
para o bebê, restringindo o crescimento dele.
Além
disso, se a pré-eclâmpsia evoluir para a eclâmpsia, a pressão arterial sobe
demais, colocando mãe e bebê em grande risco. A eclâmpsia pode causar
convulsões, que podem levar ao coma e até ser fatais. Quando acontece, a
eclâmpsia ocorre no finalzinho da gravidez ou logo depois do parto.
Outra
complicação é a síndrome de Hellp,
que provoca problemas sanguíneos e dificulta a coagulação do sangue.